domingo, 13 de julho de 2014







Essa semana continuaremos com o assunto das proteínas séricas. Espero que seja de grande proveito. Ótima semana à todos.

PROTEÍNAS TOTAIS NA URINA

Como resultado da pressão hidrostática, as proteínas de baixa massa molecular rotineiramente são filtradas através da membrana basal glomerular. Esta membrana atua como uma barreira à filtração graças ao tamanho dos poros e a carga negativa. As proteínas de pequeno tamanho molecular são conduzidas para dentro do túbulo renal onde são quase totalmente reabsorvidas; no entanto, uma pequena fração é conduzida através dos túbulos e aparece na urina. Entre 20-50% da proteína urin ária
é albumina. O restante consiste de uromucóide, mucoproteína de Tamm-Horsfall provenientes das células tubulares renais, pequenas quantidades de microglobulinas séricas e tubulares e proteínas de secreções vaginais, prostática e seminal. A proteinúria anormal é classificada como:

Benigna. A forma benigna é provocada por alterações hemodinâmicas ou clínicas não associadas com morbidez ou mortalidade e são de causa desconhecida. Este tipo de proteinúria (em geral <1 g/d) é a razão mais freqüente de resultados positivos na pesquisa de proteínas na urina. Três categorias gerais de proteinúria benigna são descritas:
Ø Proteinúria funcional, secundária à doenças febris, após exercícios vigorosos, insuficiência cardíaca congestiva e hipertensão essencial.
Ø Proteinúria idiopática, relativamente comum em crianças assintomáticas e adultos jovens sadios.
Ø Proteinúria ortostática ou postural, ocorre quando a pessoa fica em pé por muito tempo e desaparece quando ela se deita por algumas horas. Ocasionada, provavelmente, pela grande pressão sobre a veia renal quando o indivíduo fica em posição vertical.

Sobrecarga. Proteínas de baixa massa molecular aumentadas no plasma são filtradas pelo glomérulo em grandes quantidades, ultrapassando a capacidade de reabsorção do túbulo.

Tubular. É devida a incapacidade dos túbulos renais realizarem a absorção, provocada por uma disfunção ou quando o excesso de proteínas no líquido tubular ultrapassa a capacidade reabsortiva dos mesmos. Na proteinúria tubular, pequenas moléculas que em condições normais ultrapassam a membrana glomerular e são absorvidas, aparecem na urina final em razão da reabsorção tubular incompleta. A presença de proteinúria é um dos principais sinais de enfermidade renal. A beta 2 –microglobulina serve como um marcador da disfunção tubular em condições como: envenenamento por metais pesados, síndrome de Fanconi e hipocalemia crônica. Em doenças tubulares a excreção urinária diária é inferior a 3,5 g de proteínas.

Glomerular. A proteinúria glomerular é uma conseqüência da perda de integridade da membrana do glomérulo que, em condições normais, não permite a passagem de proteínas de elevada massa molecular para a urina. Nestes casos encontram-se valores maiores que 1,0 g/d. Esta forma de proteinúria está associada com a síndrome nefrótica, hipertensão o u glomerulonefrite rapidamente progressiva. Nestas condições, o glomérulo torna-s e progressivamente permeável à proteínas, particularmente, à albumina. Quantidades entre 3 a 6 g/d, podem ser perdidas nestas condições. Este tipo de proteinúria também ocorre como consequência secundária de outras enfermidades, tais como: amiloidose, lúpus eritematoso e diabetes mellitus (ao redor de 30 a 40% dos pacientes com diabetes tipo 1 desenvolvem nefropatia diabética que se manifesta clinicamente 8 a 10 anos após aquisição da doença). No curso tardio do diabetes esta elevação dos teores de proteínas na urina se torna persistente, dando lugar a uma insuficiência renal.

Proteínas não-plasmáticas. Proteínas de Tamm-Harsfall (urumucóide), um constituinte dos cilindros urinários e provavelmente secretadas pelos túbulos distais.

DETERMINAÇÃO DAS PROTEÍNAS TOTAIS
NA URINA

Amostra. São utilizadas amostras de 24 h ou 12 h sem preservativos e mantidas em refrigerador. Não sendo possível a determinação nas primeiras 48 h após a coleta, deve-se misturar bem e separar uma alíquota. Amostras congeladas são estáveis por um ano.
Métodos. A determinação quantitativa das proteínas na urina é realizada por um dos seguintes métodos:
Turbidimetria. Os métodos turbidimétricos são tecnicamente simples, rápidos e suficientemente exatos. Os reagentes comumente usados são: ácido tricloroacético, ácido sulfossalicílico ou cloreto de benzetônio (BZC) em meio alcalino. Nestes métodos, o reagente precipitante é adicionado
à urina e a proteína desnaturada precipita em uma suspensão fina que é quantificada turbidimetricamente. Nesta categoria, o método mais empregado é o do cloreto de benzetônio por ser o mais sensível dos métodos turbidimétricos.
Corantes. Estas técnicas estão baseadas no desvio da absorvância máxima do corante quando ligado à proteínas. Os corantes frequentemente empregados são: azul brilhante de Comassie (G-250) que liga-se aos resíduos NH3 das proteínas; e o molibdato vermelho de pirogallol que reage com grupos amino básicos tanto da albumina como das g-globulinas para formar um complexo azul.
Biureto. Os métodos que empregam o reagente do biureto são pouco utilizados por serem mais complexos e sofrerem a interferência de certos metabólitos como a bilirrubina. As proteínas são concentradas pela precipitação com ácido tricloro acético ou ácido fosfotúngstico-HCl-etanólico (reagente de Tsuchya) e redissolvido no reagente do biureto onde o Cu 2 + forma um complexo colorido com as ligações peptídicas. O precipitante de Tsuchya melhora a sensibilidade e a linearidade do método.
Indicador de pH. É um método semi-quantitativo onde a proteína (principalmente a albumina) liga-se ao indicador provocando alterações na cor. Apresenta falso-positivos em urinas pH>8,0.

Valores de referência para as proteínas na urina
Adultos                                                                        40 a 100 mg/d
Mulheres grávidas                                                     Até 150 mg/d
Após exercícios (adultos)                                         Até 300 mg/d



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BURTIS, C.A, ASHWOOD, E.R. TIEZ. Fundamentos de Química Clínica. 4 ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.

http://www.isaude.net/pt-BR/noticia/34221/geral/exame-de-urina-comum-determina-quanto-tempo-uma-pessoa-pode-viver

6 comentários:

  1. Perder albumina pela urina pode ser um sinal de lesão na membrana filtrante do glomérulo e pode causa um aumento no volume da urina, ou seja, maior perda de água. Tal perda ocorre pela diminuição do gradiente de pressão do capilar glomerular com o filtrado glomerular, aumento assim a pressão efetiva de filtração do plasma na membrana.

    ResponderExcluir
  2. As principais causas de proteinúria são as glomerulonefrites (inflamação dos glomérulos), mas a proteinúria pode estar presente, normalmente em quantidades menores, na nefroesclerose (doença renal secundária à hipertensão arterial), na nefrite intersticial (processo inflamatório do tecido renal, entre os glomérulos, sem lesá-los), nas infecções das vias urinárias, entre outras causas menos comuns. Proteinúria não é doença e sim a manifestação de uma doença, não devendo ser tratada isoladamente. Deve-se tratar a doença que está causando a perda proteica pela urina. Portanto, sempre que se identifica a presença de proteína na urina, deve-se fazer uma investigação detalhada para identificar a causa da mesma e aí, então, tratá-la, uma vez que as doenças glomerulares são as principais causas de insuficiência renal crônica conhecida.

    ResponderExcluir
  3. O exame de urina só detecta a proteinúria quando ela é superior a 0,150g/dia. Por isso, o surgimento de proteínúria em qualquer exame de urina deve ser visto como condição que merece ser esclarecida. A quantificação correta da proteinúria é feita sempre na urina de 24 horas e medida em gramas por esse período. Esse é um exame laboratorial importante e seguro. Cruzes e traços não têm valor diagnóstico, servem para alertar o médico. A proteinúria de 24 horas serve para avaliar a evolução e a gravidade da doença. Em continuidade, investiga-se a história clínica do paciente, recolhendo os dados de doença renal (pielonefrite, glomerulonefrite, diabetes melito) e sinais de edema, anemia, dores ósseas, hipertensão arterial, hematúria, piúria, glicosúria. No exame físico, observa-se anemia, pressão alta, desnutrição e principalmente o edema.
    http://www.abcdasaude.com.br/nefrologia/proteinuria

    ResponderExcluir
  4. Nas últimas décadas, numerosos avanços foram feitos no desenvolvimento de marcadores laboratoriais de função e lesão renal. Muitos deles já foram validados e estão sendo empregados amplamente no auxílio de diagnóstico, monitoramento terapêutico, análise de progressão das doenças renais, e prognóstico destas e de outras patologias. Outros se encontram em fase inicial de desenvolvimento e, ao longo dos próximos anos, certamente estarão disponíveis como novas ferramentas clínicas e propedêuticas. Apesar de tudo, muito há de ser feito ainda nesse campo. nenhum desses exames pode suprir por si só todas as necessidades médicas. Todos apresentam pontos em que deixam a desejar. Sendo assim, é necessário usá-los com cautela e em geral em conjunto, nunca esquecendo as peculiaridades e aplicabilidades de cada um dos testes aqui apresentados e descritos em numerosos consensos das sociedades médicas, que tentam normatizar e aplicar os conhecimentos científicos baseados em evidências. Acredito que só assim o conhecimnto da medicina laboratorial poderá evoluir de forma contínua e segura.

    ResponderExcluir
  5. Uma nova pesquisa alerta que médicos podem ser capazes de prever lesão renal e proteger seus pacientes procurando proteínas na urina. Pacientes com níveis mais elevados de proteína, ou albuminúria, tem um aumento de quase cinco vezes no risco de desenvolver lesão renal aguda, relataram os pesquisadores. Um teste barato e fácil pode fornecer uma maneira de prestar atenção nos danos nos rins e aperfeiçoar o método atual de identificá-los, chamado de taxa de filtração glomerular estimada.
    http://hypescience.com/proteina-na-urina-pode-prever-doencas-no-rim/

    ResponderExcluir
  6. O teste laboratorial é a única maneira de se saber com certeza se um indivíduo apresenta proteinúria. Diversas organizações de saúde recomendam o teste regular da urina, em pessoas sob risco de doença renal crônica. Frequentemente, não há qualquer sintoma associado à proteinúria, especialmente em casos leves. Grandes quantidades de proteínas podem fazer com que a urina apresente aspecto de espuma. A perda significativa de proteínas do sangue pode afetar a capacidade do organismo em regular os fluidos internos, e resultar em edema (inchaço) das mãos, pés, abdome e rosto. Quando existem sintomas, geralmente estão associados à condição ou doença específica que causa a proteinúria.
    http://labtestsonline.org.br/understanding/conditions/proteinuria/

    ResponderExcluir