ALBUMINA
A albumina compreende ao
redor de 60% das proteínas presentes no plasma humano. É sintetizada no fígado
em velocidade dependente da ingestão proteica, mas sujeita a regulação por retroalimentação
pelo teor de albumina circulante. Tem meia vida de 15-19 dias. Exerce importantes
funções:
·
Contribui
com 75-80% do efeito osmótico do plasma, um dos fatores que regulam a
distribuição apropriada de água entre os compartimentos intra e extracelulares.
Em certas enfermidades, os teores de albumina anormalmente baixos, movem a água
do leito vascular para os tecidos (edema).
·
Transporte
e armazenamento de vários compostos muito dos quais pouco solúveis em água. Por
exemplo, a albumina liga (e solubiliza) vários compostos não-polares como a
bilirrubina não-conjugada transportando-a até o fígado; ácidos graxos de cadeia
longa que se ligam fortemente à albumina, sendo assim transportados do fígado
para os tecidos periféricos. A concentração plasmática de diversas substâncias,
tais como cálcio, alguns hormônios (tiroxina, triiodotironina, cortisol,
aldosterona) e triptofano, são reguladas, de certo modo, pela sua ligação à
albumina. Várias drogas, por exemplo, salicilatos, fenilbutazona, clofibrato,
dicumarol, penicilina G e warfarin, também se ligam fortemente à albumina.
HIPERALBUMINEMIA
É encontrada raramente
como nos casos de carcinomatose metastática, desidratação aguda, diarreia, esclerodermia,
esteatorreia, estresse, febre reumática, gravidez, intoxicação hídrica, lúpus eritematoso
sistêmico, meningite, miastenia, mieloma múltiplo, nefrose, neoplasias,
osteomielite, pneumonia, poliartrite nodosa, sarcoidose, traumatismo, tuberculose,
úlcera péptica, uremia, vômito e hemoconcentração.
HIPOALBUMINEMIA
Esta condição pode ser
fisiológica ou patológica.
Redução da síntese
·
Enfermidade hepática severa, como hepatite crônica e
cirrose, resulta na incapacidade dos hepatócitos em sintetizar albumina.
·
Desnutrição ou diminuição da ingestão proteica.
·
Síndromes de má absorção, redução da absorção de aminoácidos.
Aumento do catabolismo
proteico. Como
resultado de lesões (cirurgia de grande porte ou trauma), infecção ou
malignidade.
Perda de proteínas. Urina: é a forma mais severa
desta anormalidade com concentrações de albumina de até < 2 g/L, geralmente
com presença de edema. As principais causas são: síndrome nefrótico,
glomerulonefrite crônica, diabetes ou lúpus eritematoso sistêmico. Fezes: enteropatia
perdedora de proteínas aumentada por enfermidade neoplástica ou inflamatória. Pele:
queimaduras.
Distribuição alterada. Sequestro de grandes quantidades
de albumina do compartimento extracelular, por exemplo, na ascite, quando a
elevada pressão na circulação portal dirige a albumina para o líquido peritoneal.
Outras anormalidades. A analbuminemia,
uma rara doença caracterizada pela ausência congênita de albumina, e bisalbuminemia,
detectada na eletroforese pelo aparecimento de duas bandas ou uma banda mais
larga no lugar da banda normal de
albumina. Nenhum sintoma
clínico está associado à bisalbuminemia. O termo “microalbuminemia” é empregado para descrever aumentos na
excreção de albumina
sem evidências ou
enfermidade renal. Esta condição é encontrada em certas populações de
diabéticos que desenvolvem enfermidade renal. Entretanto, a presença de
albumina na urina é um achado não-específico. A hipertensão, infecção do trato
urinário, exercício e enfermidade cardíaca congestiva também podem aumentar a
excreção da albumina na urina.
CONSEQÜÊNCIAS DA
HIPOALBUMINEMIA
A hipoalbuminemia afeta
a distribuição líquida do corpo e as concentrações plasmáticas de substâncias transportadas
ligadas à albumina.
·
Distribuição dos líquidos corporais. A albumina é o mais importante
contribuinte da pressão oncótica do plasma e sua redução resulta em edema.
·
Função transportadora. Os níveis de constituintes normalmente
transportados pela albumina estão diminuídos. Por exemplo, calcemia, drogas e
bilirrubina transportada por proteínas. A ligação da bilirrubina à albumina
impede que a bilirrubina “livre” atravesse a barreira sangue/cérebro e,
portanto, a sua deposição nos tecidos cerebrais (kernictericus na icterícia
neonatal).
DETERMINAÇÃO DA ALBUMINA
SÉRICA
Paciente. Não deve consumir dieta
rica em gordura por 48 h antes da prova.
Amostra. Soro. Evitar estase prolongada
na coleta de sangue, pois a hemoconcentração aumenta os níveis de proteínas
plasmáticas; além disso, a postura do paciente deve ser observada já que o teor
de albumina é, aproximadamente, 0,3 g/dL maior em pacientes ambulatoriais
quando relacionados aos hospitalizados. Em frascos bem fechados, o soro límpido
é estável por uma semana em temperatura ambiente ou um mês no refrigerador.
Interferências. Resultados falsamente
elevados: agentes
citotóxicos, anticoncepcionais orais e bromossulfaleína. Resultados
falsamente reduzidos: paracetamol, aspirina, estrogênios, anticoncepcionais
orais, ampicilina, asparaginase e fluorouracil.
Métodos. Os primeiros métodos
para a separação da albumina das globulinas empregavam o fracionamento salino.
Os mais populares usavam o sulfato de sódio com a medida da albumina pelo método
de Kjeldahl ou pelo desenvolvimento de cor pela reação do biureto.
Verde de bromocresol. Atualmente, os métodos mais
amplamente empregados para a análise da albumina são os de fixação de corantes.
A albumina tem a capacidade de fixar seletivamente vários aníons orgânicos, entre
os quais, moléculas de corantes complexos como o verde de bromocresol (BCG),
azul de bromofenol (BPB) ou púrpura
de bromocresol (BCP). Ao
ligarem-se à albumina estes corantes sofrem um desvio nas suas absorções
máximas. A quantidade de albumina ligada ao corante é proporcional ao teor de
albumina na amostra. O método do BCG é o recomendado por apresentar boa
especificidade e não sofrer interferências da bilirrubina, salicilatos,
hemoglobina
ou lipemia quando em
níveis moderados. Este princípio é empregado para a química
seca no DT Vitros.
Eletroforese. O emprego da
eletroforese das proteínas para a separação da albumina fornece também
informações adicionais sobre as globulinas.
Outros métodos. A albumina também pode
ser avaliada pela determinação das globulinas baseada no conteúdo de triptofano
das globulinas. Vários métodos tais como: eletroimunoensaio, imunoquímico, nefelométrico,
imunodifusão radial, eletroimunodifusão, turbidimetria, radioimunoensaio e
enzimaimunoensaio são também empregados para a determinação da albumina sérica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BURTIS,
C.A, ASHWOOD, E.R. TIEZ. Fundamentos de Química Clínica. 4 ed., Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1998.
http://www.cerpe.com.br/img/artigo/exames-laboratoriais.jpg
