sábado, 19 de julho de 2014






PROTEÍNAS MARCADORAS DA DISFUNÇÃO RENAL

Pode-se, também, classificar as proteínas como proteínas marcadoras da disfunção renal. Deste modo, três grupos são identificados, os quais correspondem a três tipos de defeitos renais:
Proteínas com massa molecular de >100.000 Dáltons. Aparecem na urina somente quando houver um avançado comprometimento da membrana, envolvendo a perda da função de permeabilidade glomerular, a proteinúria é não-seletiva. Uma proteína típica deste grupo é a IgG.
Proteínas com massa molecular entre 50.000 e 80.000 Dáltons. O aumento da secreção urinária destas proteínas em razão da baixa filtragem de íons, representa um possível defeito reversível no glomérulo, sendo uma proteinúria glomérulo seletiva. Proteínas típicas deste grupo
são a albumina e a transferrina.
Proteínas com massa molecular <50.000 Dáltons.  Estas proteínas de baixa massa molecular estão normalmente presentes na urina nos casos de um defeito renal intersticial. Assim, a função de reabsorção fica diminuída resultando numa proteinúria tubular. As proteínas marcadoras
deste grupo são: alfa 1 -microglobulina, beta  2 –microglobulina e proteína ligadora de retinol.
PROTEINÚRIA PRÉ-RENAL, PÓS-RENAL E NÃO-RENAIS
Além das causas renais existem condições pré - renais, pós-renais e não-renais que também acarretam aumentos da proteinúria. A proteinúria pré-renal é causada por uma permeabilidade excessiva de proteínas de baixa massa molecular. Este filtrado contém altos teores de proteínas na primeira urina. Isto se deve a uma interrupção da reabsorção tubular por sobrecarga no sistema. As proteínas típicas de uma proteinúria pré -renal são: a mioglobina, imunoglobulinas de cadeias leves kappa e lambda (gamopatias monoclonais) e proteínas de Bence Jones. A proteinúria pós-renal ocorre pela adição de proteínas à urina na bexiga ou nos ureteres e assemelha-se a uma doença renal. As proteínas adicionadas na urina são linfáticas ou plasmáticas. Entram na urina pela bexiga por exsudação ou
transudação do epitélio do ureter. Isto acontece pela alta densidade das proteínas envolvidas que não conseguem atravessar a membrana do glomérulo. Sua passagem para a urina se deve a uma sobrecarga plasmática pós-renal. A alfa 2 –macroglobulina é um excelente marcador protéico da proteinúria pós-renal. Como proteinúria não-renais têm-se: anemia grave, ascite, cardiopatia, distúrbios convulsivos, endocardite bacteriana subaguda, febre, hepatopatia, hipertireoidismo, idade avançada, infecção aguda, ingestão ou superexposição a certas substâncias (ácido sulfossalicílico, arsênico, chumbo, éter, fenol, mercúrio, mostarda, opiáceos, propilenoglicol, turpentina), obstrução intestinal, reação de hipersensibilidade, toxemia, toxinas bacterianas (difteria, escarlatina, estreptocócica aguda, febre tifóide e pneumonia), traumatismo e tumor abdominal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BURTIS, C.A, ASHWOOD, E.R. TIEZ. Fundamentos de Química Clínica. 4 ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.

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domingo, 13 de julho de 2014







Essa semana continuaremos com o assunto das proteínas séricas. Espero que seja de grande proveito. Ótima semana à todos.

PROTEÍNAS TOTAIS NA URINA

Como resultado da pressão hidrostática, as proteínas de baixa massa molecular rotineiramente são filtradas através da membrana basal glomerular. Esta membrana atua como uma barreira à filtração graças ao tamanho dos poros e a carga negativa. As proteínas de pequeno tamanho molecular são conduzidas para dentro do túbulo renal onde são quase totalmente reabsorvidas; no entanto, uma pequena fração é conduzida através dos túbulos e aparece na urina. Entre 20-50% da proteína urin ária
é albumina. O restante consiste de uromucóide, mucoproteína de Tamm-Horsfall provenientes das células tubulares renais, pequenas quantidades de microglobulinas séricas e tubulares e proteínas de secreções vaginais, prostática e seminal. A proteinúria anormal é classificada como:

Benigna. A forma benigna é provocada por alterações hemodinâmicas ou clínicas não associadas com morbidez ou mortalidade e são de causa desconhecida. Este tipo de proteinúria (em geral <1 g/d) é a razão mais freqüente de resultados positivos na pesquisa de proteínas na urina. Três categorias gerais de proteinúria benigna são descritas:
Ø Proteinúria funcional, secundária à doenças febris, após exercícios vigorosos, insuficiência cardíaca congestiva e hipertensão essencial.
Ø Proteinúria idiopática, relativamente comum em crianças assintomáticas e adultos jovens sadios.
Ø Proteinúria ortostática ou postural, ocorre quando a pessoa fica em pé por muito tempo e desaparece quando ela se deita por algumas horas. Ocasionada, provavelmente, pela grande pressão sobre a veia renal quando o indivíduo fica em posição vertical.

Sobrecarga. Proteínas de baixa massa molecular aumentadas no plasma são filtradas pelo glomérulo em grandes quantidades, ultrapassando a capacidade de reabsorção do túbulo.

Tubular. É devida a incapacidade dos túbulos renais realizarem a absorção, provocada por uma disfunção ou quando o excesso de proteínas no líquido tubular ultrapassa a capacidade reabsortiva dos mesmos. Na proteinúria tubular, pequenas moléculas que em condições normais ultrapassam a membrana glomerular e são absorvidas, aparecem na urina final em razão da reabsorção tubular incompleta. A presença de proteinúria é um dos principais sinais de enfermidade renal. A beta 2 –microglobulina serve como um marcador da disfunção tubular em condições como: envenenamento por metais pesados, síndrome de Fanconi e hipocalemia crônica. Em doenças tubulares a excreção urinária diária é inferior a 3,5 g de proteínas.

Glomerular. A proteinúria glomerular é uma conseqüência da perda de integridade da membrana do glomérulo que, em condições normais, não permite a passagem de proteínas de elevada massa molecular para a urina. Nestes casos encontram-se valores maiores que 1,0 g/d. Esta forma de proteinúria está associada com a síndrome nefrótica, hipertensão o u glomerulonefrite rapidamente progressiva. Nestas condições, o glomérulo torna-s e progressivamente permeável à proteínas, particularmente, à albumina. Quantidades entre 3 a 6 g/d, podem ser perdidas nestas condições. Este tipo de proteinúria também ocorre como consequência secundária de outras enfermidades, tais como: amiloidose, lúpus eritematoso e diabetes mellitus (ao redor de 30 a 40% dos pacientes com diabetes tipo 1 desenvolvem nefropatia diabética que se manifesta clinicamente 8 a 10 anos após aquisição da doença). No curso tardio do diabetes esta elevação dos teores de proteínas na urina se torna persistente, dando lugar a uma insuficiência renal.

Proteínas não-plasmáticas. Proteínas de Tamm-Harsfall (urumucóide), um constituinte dos cilindros urinários e provavelmente secretadas pelos túbulos distais.

DETERMINAÇÃO DAS PROTEÍNAS TOTAIS
NA URINA

Amostra. São utilizadas amostras de 24 h ou 12 h sem preservativos e mantidas em refrigerador. Não sendo possível a determinação nas primeiras 48 h após a coleta, deve-se misturar bem e separar uma alíquota. Amostras congeladas são estáveis por um ano.
Métodos. A determinação quantitativa das proteínas na urina é realizada por um dos seguintes métodos:
Turbidimetria. Os métodos turbidimétricos são tecnicamente simples, rápidos e suficientemente exatos. Os reagentes comumente usados são: ácido tricloroacético, ácido sulfossalicílico ou cloreto de benzetônio (BZC) em meio alcalino. Nestes métodos, o reagente precipitante é adicionado
à urina e a proteína desnaturada precipita em uma suspensão fina que é quantificada turbidimetricamente. Nesta categoria, o método mais empregado é o do cloreto de benzetônio por ser o mais sensível dos métodos turbidimétricos.
Corantes. Estas técnicas estão baseadas no desvio da absorvância máxima do corante quando ligado à proteínas. Os corantes frequentemente empregados são: azul brilhante de Comassie (G-250) que liga-se aos resíduos NH3 das proteínas; e o molibdato vermelho de pirogallol que reage com grupos amino básicos tanto da albumina como das g-globulinas para formar um complexo azul.
Biureto. Os métodos que empregam o reagente do biureto são pouco utilizados por serem mais complexos e sofrerem a interferência de certos metabólitos como a bilirrubina. As proteínas são concentradas pela precipitação com ácido tricloro acético ou ácido fosfotúngstico-HCl-etanólico (reagente de Tsuchya) e redissolvido no reagente do biureto onde o Cu 2 + forma um complexo colorido com as ligações peptídicas. O precipitante de Tsuchya melhora a sensibilidade e a linearidade do método.
Indicador de pH. É um método semi-quantitativo onde a proteína (principalmente a albumina) liga-se ao indicador provocando alterações na cor. Apresenta falso-positivos em urinas pH>8,0.

Valores de referência para as proteínas na urina
Adultos                                                                        40 a 100 mg/d
Mulheres grávidas                                                     Até 150 mg/d
Após exercícios (adultos)                                         Até 300 mg/d



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BURTIS, C.A, ASHWOOD, E.R. TIEZ. Fundamentos de Química Clínica. 4 ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.

http://www.isaude.net/pt-BR/noticia/34221/geral/exame-de-urina-comum-determina-quanto-tempo-uma-pessoa-pode-viver