MARCADORES TUMORAIS - ÚLTIMA PARTE
Olá, pessoal !!!!
Vamos
dá início aos trabalhos desta semana, continuando com o assunto “Marcadores
tumorais” em sua última edição. Espero que tenha ajudado vocês assim como a
mim. Uma ótima semana a todos.
LDH (desidrogenase
lática): É uma
enzima que se expressa nos tecidos cardíaco e muscular esquelético. Esta enzima
não tem muito valor diagnóstico, mas relaciona-se com o volume da neoplasia,
podendo apresentar implicações prognósticas muito importantes, em especial nos
pacientes com diagnóstico de linfoma não-Hodgkin recente e na neoplasia de
próstata. Nestes pacientes, altos níveis de LDH anteriores ao tratamento
comprovam consistentemente ser um fator de risco adverso, e refletem
presumivelmente a taxa de crescimento e o volume do tumor. Pacientes com alto nível
de LDH com idade avançada ou com mau desempenho apresentam menos de 50% de
probabilidade de remissão durável com o tratamento padrão. Esses pacientes são
considerados candidatos a estudos clínicos de quimioterapia mais agressiva. Deve-se
ter cautela com o uso deste marcador, pois pode estar elevado também em
patologias músculoesqueléticas, infarto do miocárdio, leucemias e embolia pulmonar.
K-ras: Genes mutados da família ras são os oncogenes mais comumente
encontrados nas neoplasias malignas humanas. Rodenhuis e Slebos
demonstraram que os tumores de pulmão contendo mutação em
K-ras eram mais agressivos, os pacientes apresentavam tempo livre de doença
significativo menor e menor sobrevida quando comparados com os sem mutação em
K-ras. No trabalho de Slebos et al., foi verificado que mutações pontuais em
K-ras são importante fator de
prognóstico para determinar o tempo livre de doença e sobrevida,
após variáveis como estadiamento da doença, tamanho do tumor e grau de
diferenciação terem sido levadas em consideração.
NSE (Enolase Neurônio-Específica): Descrita inicialmente, em 1965, por
Moore e McGregor como
enzima catalisadora da via glicolítica anaeróbia, a NSE se encontra distribuída
em todos os tecidos dos mamíferos. Em 1978, Schmechel et al, antevendo o
futuro, especularam sobre a utilidade da enolase neurônio-específica para o
diagnóstico e o tratamento dos tumores neuroendócrinos. A determinação sérica
da NSE parece ser um instrumento valioso para o diagnóstico de carcinoma de
pulmão de pequenas células, combinando aceitável sensibilidade com alto grau de
especificidade. Observa-se sua presença consistentemente mais elevada na doença
extensa do que na localizada. Além disso, a NSE possui sensibilidade fortemente
correlacionada com o estágio da doença. Outro aspecto concernente à NSE seria
sua aplicação como forma de monitor terapêutico nos pacientes em curso
quimioterápico, em que seus valores séricos tendem a subir ou baixar de acordo
com a resposta à terapia empregada e até antever recidiva da doença
.
PSA (antígeno prostático
específico): O
marcador tumoral de maior utilidade clínica desenvolvido até o momento é o PSA.
Este é secretado no lúmen dos ductos prostáticos, estando presente em grandes concentrações
no líquido seminal (aproximadamente 2mg/mL). Aparentemente, teria a função de
liquefazer o coágulo seminal. Muitos estudos demonstraram que o PSA é útil para
o diagnóstico do câncer de próstata. Em geral, o valor preditivo positivo do
PSA é de 20% em pacientes com valores ligeiramente elevados (entre 4,0ng/mL e
10,0ng/mL), e de 60% em pacientes com valores de PSA superiores a 10ng/mL. A
utilização do PSA é otimizada quando combinada ao exame de toque retal. Em
estudos que investigaram o uso combinado do PSA e do exame de toque retal,
observou-se que 18% dos tumores não teriam sido diagnosticados se o exame de
toque retal não tivesse sido realizado, e que 45% dos tumores teriam passado
despercebidos se o PSA não tivesse sido feito. Estudos mostraram que o
ultra-som transretal pouco acrescenta ao PSA e ao exame de toque retal, quando
estes dois são usados conjuntamente para o
diagnóstico, devendo ser solicitado somente em caso de alteração
de um dos dois exames. A medida do PSA é fundamental para o estadiamento do
paciente com carcinoma de próstata. Vários estudos mostraram que cerca de 80%
dos pacientes com concentração de PSA menor do que 4ng/mL possuem tumor
restrito à próstata. Por outro lado, metade dos pacientes com PSA maior do que
10ng/mL apresentam extensão extra-capsular, e a maioria dos pacientes com PSA
superior a 50ng/mL apresenta metástases para linfonodos pélvicos. Entretanto,
exceto para valores extremos, o PSA não é suficientemente preciso para, de
maneira isolada, estadiar o paciente. Espera-se que um paciente submetido à
prostatectomia radical apresente PSA próximo a zero (até 0,2ng/mL) após o
procedimento, já que toda a próstata teria sido removida. Vários estudos
demonstraram que elevações dos níveis de PSA após a prostatectomia ocorrem meses
a anos antes dos sinais clínicos de recorrência, indicando persistência da
doença. Ao contrário do que ocorre após a prostatectomia radical,
pós-radioterapia, níveis detectáveis de PSA podem se originar de tecido
prostático normal residual. Espera-se que a queda do PSA seja lenta e gradual, ocorrendo
o nadir de meses até três anos após a radioterapia. Como a radioterapia provoca
redução do volume prostático após a irradiação, o valor considerado como normal
após a radioterapia é bem menor do que o padrão (4ng/mL), e muitos autores o
definem como em torno de 1ng/mL. Sabe-se que, com o aumento da idade, ocorrem modificações
no epitélio prostático que acarretam um aumento da absorção do PSA para a
corrente sangüínea. Portanto, os valores de PSA variam bastante nas diferentes
faixas etárias9. Gomes10
cita como valor de referência 2,5ng/mL para homens até 50
anos e 5,0ng/mL para aqueles com idade superior a 50 anos. Vários estudos têm
sugerido a alteração do ponto de corte do PSA de 4,0ng/mL para 2,5ng/mL,
indicando biópsia prostática nos pacientes que apresentem valores superiores.
Isto porque uma parcela significativa dos homens que apresentam PSA sérico
inicial entre 2,6ng/mL e 4,0ng/mL desenvolverá PSA superior a 4,0ng/mL no exame
de seguimento, durante os próximos quatro anos. Então, embora o ponto de corte
consensual para a identificação de biópsia seja 4,0ng/mL, estudos recentes sugerem
que, em pacientes jovens, com próstata pequena e sem prostatite, a biópsia prostática
seja considerada com valores de PSA acima de 2,5ng/mL.
p53: O gene supressor de tumor p53, localizado no cromossomo
17, codifica uma fosfoproteína denominada proteína p53, que desempenha um
importante papel no controle do ciclo celular e previne o aparecimento de câncer.
A proteína p53 tem o papel de bloquear a divisão celular em células que
sofreram injúrias no seu DNA, dando tempo para a sua reparação. A perda da função
desse gene pode estar relacionada tanto à iniciação quanto à progressão tumoral.
Para demonstrar sua importância, cita-se o fato de que mutações na proteína p53
são encontradas em cerca de 50% de todos os cânceres humanos, ou mais de 50 tipos
de tumores
b_2-Microglobulina: É uma glicoproteína de baixo peso
molecular, presente em todas as células nucleadas. Seu valor de referência no
soro é 2,0μg/mL para pessoas até 60 anos e 2,6μg/mL após os 60 anos, sendo que
pacientes com b_2-Microglobulina
maior do que 6,0μg/mL têm alto risco e pequena sobrevida. É indicado o uso
deste marcador tumoral em linfomas não-Hodgkin, sendo índice de prognóstico independente;
no mieloma múltiplo relaciona-se diretamente com a massa tumoral total e,
isoladamente, é o mais importante fator de prognóstico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BURTIS, C.A,
ASHWOOD, E.R. TIEZ. Fundamentos
de Química Clínica. 4 ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.
Schmechel D, Marangos PJ, Brightman
M. Neuronespecific enolase is a molecular marker for the peripheral and central
neuroendocrine cells. Nature. 1978;276:834-36
Slebos RJ, Kibbelaar RE, Dalesco O, Kooistra A, Stam J, Heijer
CJ, et al. K-ras oncogene
activation as a prognostic marker in adenocarcionoma of the lung. N Engl J Med.
1990;323:561-65

