segunda-feira, 4 de agosto de 2014
















Olá pessoal!!! Chegamos à última postagem. Acredito que deva ter sido cansativo para vocês meu blog mas, futuramente, verão o quanto ele foi e é importante. Então quando precisar leiam ele novamente e aproveitem. Uma ótima férias a todos.

DEFICIÊNCIA DAS IMUNOGLOBULINAS

A defesa imunológica depende de quatro sistemas interativos:
·     Anticorpos humorais (imunoglobulinas) da série de linfócitos B.
·     Imunidade celular-mediada dos linfócitos T.
·     O sistema fagocitário.
·     Sistema do complemento.
Os dois últimos sistemas são não específicos e não tem memória imunológica para o antígeno. O primeiro e o quarto são proteínas plasmáticas. As principais causas de deficiência das imunoglobulinas são:
Causas secundárias. (Comuns):
·        Defeito na síntese (a IgM cai primeiro, a seguir a IgA e, finalmente, a IgG)
     -  Neoplasia linfóide (leucemia linfocítica crônica, doença de Hodgkin e mieloma
múltiplo).
     -  Reação tóxica, insuficiência renal (perdedora de proteínas) e diabetes mellitus.
     -  Drogas: fenitoína, penicilina e imunossupressores.
     -  Neonatal: prematuridade e atraso passageiro da síntese.
·         Perda anormal de proteínas
      -  Síndrome nefrótica, queimaduras, lesões exudativas e enteropatias perdedoras de
proteínas.
Causas primárias ou inerentes. (Raros).
·        Insuficiência na produção de anticorpos.
     -  Generalizada (infecções piogênicas severas).
     -  Deficiência seletiva das seguintes imunoglobulinas.
     -  IgA: a mais comum (1:700), sem sintomas, mas as pessoas afetadas tendem a sofrer doenças alérgicas ou autoimunones.
     -  IgG e IgA (IgM aumentada): infecções piogênicas recorrentes.
     -  IgA e IgM: comum na giardíase.
     -  IgG: infecções piogênicas recorrentes .
     -IgM: susceptibilidade à enfermidade auto-imune e a septicemia após esplenectomia.
·        Insuficiência combinada de anticorpo e imunidade célula-mediada.

HIPERGAMAGLOBULINEMIA POLICLONAL
A hipergamaglobulinemia policlonal é caracterizada por aumentos difusos das gamaglobulinemias. É provocada pelo estímulo imune de muitos clones celulares produzindo várias imunoglobulinas. Representa a resposta das células b a o e s tí -
mulo antigênico e indica a presença de infecção crônica ou processo auto-imune. As principais causas são:
Infecções crônicas. Brucelose, tuberculose, parasitoses (malária), lepra, bronquiectasia. Nestes casos, as estimativas das imunoglobulinas específicas raramente fornecem mais informações que a eletroforese proteica. No entanto, as suas determinações são de grande valor em alguns diagnósticos diferenciais.
Doença hepática. Cirrose biliar primária, cirrose portal e hepatite crônica ativa.
Infecções intrauterinas. A produção de IgM no feto aumenta e, ao nascer, o teor de IgM no sangue do cordão está elevado.
Doença inflamatória intestinal. Doença de Crohn e colite ulcerativa.
Desordens auto-imunes. Artrite reumatóide e lúpus eritematoso sistêmico.
Granulomas. Sarcoidose.
Em alguns casos, as classes imunoglobulínicas fornecem a indicação da etiologia:
·        Predomínio de IgG: hepatite crônica ativa e lúpus eritematoso sistêmico.
·        Predomínio de IgA: cirrose criptogência, doença de Crohn, tuberculose e sarcoidose.
·        Predomínio de IgM: cirrose biliar primária e doenças parasitárias.
·        Aumentos equivalentes das IgA, IgG e IgM: infecções crônicas prolongadas.
HIPERGAMAGLOBULINEMIA MONOCLONAL (PARAPROTEINEMIA)
As bandas de imunoglobulinas monoclonais visíveis na eletroforese do soro sanguíneo, como picos estreitos e pontiagudos, são denominadas paraproteínas ou componentes monoclonais. Podem ser polímeros, monômeros ou fragmentos de moléculas de imunoglobulinas, como cadeias leves (proteínas de Bence Jones) ou, raramente, cadeias
pesadas ou meias moléculas; tanto os monômeros como os fragmentos podem ser polimerizados. A detecção de uma paraproteína no sangue ou urina necessita outras investigações para determinar se a mesma é benigna ou maligna. Paraproteínemias malignas ocorrem no mieloma múltiplo (e plasmacitoma), macroglobulinemia e outros tumores linfóides. A prevalência de paraproteínemia aumenta com a idade e está ao redor de 3% da população geriátrica.
Mieloma múltiplo. Cerca de 60% das paraproteínas são devidas ao mieloma múltiplo (doença maligna de plasmócitos basicamente na medula óssea) que está associado com várias classes de imunoglobulinas, principalmente, a IgG. A maioria dos mielomas produzem moléculas de Ig completas – geralmente IgA ou IgG – sendo a quantidade produzida muitas vezes proporcional a massa do tumor. Quantidades excessivas de fragmentos de Ig (cadeias leves ou partes de cadeias pesadas) são também produzidas em 85% dos casos, aproximadamente. Dímeros de cadeias leves (44kDa) estão, muitas vezes, presentes na urina sendo denominados proteínas de Bence Jones. No mieloma múltiplo são encontrados:
·        Sinais clínicos: dor óssea, fatiga, anemia leve, infecção, insuficiência renal, hiperviscosidade e uma velocidade de hemossedimentação elevada.
·        Diagnóstico: banda de paraproteínas na eletroforese no soro e urina; lesões líticas difusas no raio X ósseo; biópsia da medula óssea com presença de células plasmáticas anormais.
·        Acompanhamento: hipercalcemia (envolvimento ósseo); creatinina e ureia elevadas
(disfunção tubular e glomerular); b2 -micro globulina (níveis elevados indicam um mau
prognóstico – depende da renovação das células tumorais e da função renal); hemoglobina reduzida (depressão da medula); redução das imunoglobulinas “normais” – não-paraproteína – o que predispõe à infecção.
Macroglobulinemia de Waldenström. É uma doença clonal de linfócitos plasmocitóides secretores de IgM. Geralmente apresenta um curso mais prolongado que o mieloma múltiplo. Há uma proliferação de células que lembram os linfócitos em lugar de células plasmáticas. Elas produzem moléculas completas de IgM e, muitas vezes, excesso de cadeias leves. A elevação do teor de IgM promove o aumento da viscosidade plasmática com tendência à trombose. Epistaxe, hemorragias retinianas, confusão mental e insuficiência cardíaca congestiva são manifestações típicas da síndrome de hiperviscosidade. O diagnóstico e o acompanhamento da macroglobulinemia são realizados pelos seguintes testes:
·        Eletroferese das proteínas no soro e urina. Devem ser usadas amostras recém-colhidas para evitar erros resultantes da deterioração. Uma urina ao acaso é adequada para a demonstração da proteinúria de Bence-Jones.
·        Determinação quantitativa das paraproteínas e outras imunoglobulinas no soro. A análise destes resultados permite a diferenciação entre a hipergamaglobulinemia benigna e maligna.
·        Imunoeletroforese ou imunofixação de proteínas séricas e urinárias, para determinar o tipo de paraproteína.
·        b2 -Microglobulina sérica. Para monitorar o progresso da doença; níveis elevados destas proteínas indicam um mau prognóstico.
·        Uréia e creatinina séricas, para avaliar a função renal.
·        Cálcio, fosfatase alcalina e ácido úrico no soro, medidos como índices da extensão do envolvimento ósseo e renovação celular, respectivamente.
Doença da cadeia pesada (doença de Franklin). Compreende um grupo de condições raras nas quais os fragmentos de cadeia pesada correspondente à porção Fc das imunoglobulinas que são sintetizadas e excretadas na urina. A produção anormal de cadeias pesadas a e g é a desordem mais comum.
Paraproteinemia benigna. Pode ser transitória ou persistente. As paraproteínas ocorrem transitoriamente durante infecções agudas em doença auto-imune devido a estimulação de antígeno. Paraproteinemia benigna estável ou persistente pode ocorrer em tumores benignos das células B. São encontradas no diabetes mellitus, infecções crônicas, cirrose e desordens do tecido conjuntivo. São características desta condição:
·        Concentração de paraproteínas abaixo de 2,0g/dL (<1,0 g/dL se a paraproteína for IgA).
·        Teores normais de albumina sérica e outras imunoglobulinas.
·        Período maior que cinco anos sem elevação nas concentrações das paraproteínas.
·        Mais comum em idades avançadas, isto é, a prevalência é 2% entre 60-80 anos, 10% entre 80-90 anos e 20% para >90 anos.
RESPOSTA DE FASE AGUDA
É uma alteração não específica da síntese e nos níveis plasmáticos de várias proteínas derivadas do fígado após danos teciduais (trauma, infarto, malignidade) e infecções. É uma resposta à inflamação que promove o aumento nas concentrações de algumas proteínas sanguíneas ou teciduais. A resposta de fase aguda é mediada pela liberação de citoquinas pelos macrófagos ativados. Em infecções bacterianas isto é induzido pelas endoxinas das bactérias. Vários efeitos sistêmicos acompanham a inflamação como febre, leucocitose, alterações endócrinas, modificações no equilíbrio líquido e eletrolítico e proteólise muscular.
Proteínas de fase aguda. Este termo é usado para denotar todas as proteínas que alteram a sua concentração em 25% ou mais no período de uma semana após dano tecidual. Entre elas estão: proteína C reativa, a1 -antiquimiotripsina, haptoglobina, fatores do complemento e fibrinogênio. Algumas destas proteínas são descritas acima. Duas
outras medidas são empregadas para avaliar o estado de fase aguda:
·        Velocidade de sedimentação globular. Modificações na VSG abrangem alterações em várias proteínas (fibrinogênio, a2 -macroglobulinas, imunoglobulinas e albumina) também, como o número e as características das membranas dos eritrócitos.
·        Medidas das citoquinas. Com o estabelecimento do papel das citoquinas, interleucina 1, interleucina 6 e o fator de necrose tumoral, pelo estímulo da resposta de fase aguda, foi sugerido as suas avaliações em condições inflamatórias. Ainda persistem vários problemas técnicos na determinação rotineira destes componentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BURTIS, C.A, ASHWOOD, E.R. TIEZ. Fundamentos de Química Clínica. 4 ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.
LEHNINGER, Albert L., NELSON, David L., COX, Michael
M. Princípios de bioquímica. São Paulo : Sarvier,

1995. 839 p.